ERA UMA VEZ O CINEMA


O Açougueiro (1970)

cover O Açougueiro

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País: França, 93 minutos

Titulo Original: Le Boucher

Diretor(s): Claude Chabrol

Gênero(s): Drama, Suspense

Legendas: Português,Inglês, Espanhol

Tipo de Mídia: Cópia Digital

Tela: 16:9 Widescreen

Resolução: 1280 x 720, 1920 x 1080

Avaliação (IMDb):
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7.5/10 (7058 votos)

DOWNLOAD DO FILME E LEGENDA

PRÊMIOS star star star star star

Prêmios Bodil - Copenhague, Dinamarca

Bodil de Melhor Filme Europeu (Claude Chabrol)

Festival Internacional de San Sebastián, Espanha

Prêmio San Sebastián de Melhor Atriz (Stéphane Audran)

INDICAÇÕES star star star star star

Academia Britânica de Cinema e Televisão, Inglaterra

Prêmio de Melhor Atriz (Stéphane Audran)

Sinopse: Em O Açougueiro todos as qualidades do cinema de Chabrol em alto grau: ótimas atuações, enquadramentos fenomenais, esplêndida fotografia (de Jean Rabier), limpidez narrativa, música minimalista e sinistra usada com comedimento (de Pierre Jansen), arguta observação da sociedade da época, no caso os anos 70.

Mulher e musa do diretor, Stéphane Audran faz uma diretora de escola de postura feminista, muito avançada para a época, que é cortejada pelo açougueiro da pequena cidade onde moram. Ela aceita sua amizade, mas não seu amor, por conta de uma desilusão amorosa recente. Uma mulher que não está sempre atrás de casamento é, mesmo hoje, algo diferente e provocativo. Chabrol leva esse pressuposto ao extremo do delírio.

Enquanto acompanha o dia a dia da diretora, usando todas as cores locais, esbanja sensualidade, explorando ao máximo a persona da francesa chique e sedutora que ele ajudou a esposa a construir nos vários filmes que fizeram juntos nos 16 anos que foram casados. Nos trinta primeiros minutos, vemos os carros da polícia ao longe investigando um serial killer que já estava na segunda morte. Só sabemos do acontecido pelas conversas, sempre corriqueiras, das pessoas.

Até que a professora leva as crianças para ver raridades arqueológicas numa caverna: é quando descobrem o corpo da jovem por quem a polícia procurava. No local do crime, a professora também acha um isqueiro que ela bem sabia de quem era: foi um presente dela ao açougueiro no dia do aniversário dele. Tudo que era inocência e flerte num primeiro momento passa a ser tentativa de assassinato, agora que ela desconfia não só que o açougueiro é o criminoso como também que ela seria a próxima vítima.

Poucas vezes o cinema trouxe uma mistura das pulsões de sexo e morte de maneira tão escancarada. Poéticas são as declarações de amor do assassino a sua amada a caminho do hospital, dizendo que matou todas aquelas mulheres porque estava apaixonado pela diretora. Enlouquecido de tesão de vê-la caminhando pelas ruas tão bela e desejável, o criminoso se aliviava trucidando as outras, sem no entanto estuprá-las, preservando-se para sua amada. Bizarro? Nem um pouco. Chabrol é um autor.

O mesmo material nas mãos de outro diretor não funcionaria, nem mesmo se fosse Alfred Hitchcock. O universo de Chabrol é tão exclusivo dele que só tem razão de existir em suas mãos. O filme termina com o assassino esfaqueado pedindo um beijo à diretora. Se fosse um diretor que se deixasse ser influenciado pela culpa cristã, como Hitchcock, haveria redenção, perdão e a certeza de que a beleza pode carregar em si a desgraça. Nada disso aparece no cinema de Claude Chabrol, mestre na mesma altura que Hitchcock (sem conhecer sua popularidade, claro), que prefere fazer seu beijo de morte uma sinistra demonstração do quão tortuoso e obscuro pode ser o desejo humano.

 

Elenco: